sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Manifesto contra a repressão na Universidade Estadual Paulista - UNESP

Manifesto organizado por docentes e estudantes da UNESP contra os processos de sindicâncias que ocorrem atualmente contra os estudantes. Agradecemos aqueles que se dispuserem a assinar (enviar para: dceheleniraresende@gmail.com). Pedimos que divulguem o mesmo.


Manifesto contra a repressão na Universidade Estadual Paulista (UNESP)

No ano de 2013, a UNESP realizou um importante movimento de greves e ocupações abrangendo estudantes, servidores docentes e servidores não-docentes, culminando, inclusive, em duas ocupações estudantis da reitoria da UNESP. Na ocasião, a pauta defendia a criação imediata das condições plenas de acesso e permanência às populações historicamente excluídas do espaço universitário e democracia universitária numa mobilização que perdurou cerca de quatro meses.

A primeira ocupação da reitoria, realizada em 27 de junho de 2013, foi momentaneamente resolvida pela sensatez da negociação. Na segunda, porém, realizada em função de um impasse instalado, houve a intervenção da tropa de choque que desocupou o prédio sem apresentar qualquer ordem judicial para os ocupantes.

Dos 113 ocupantes, há 12 estudantes sendo acusados, 12 estudantes serão punidos, inclusive havendo três estudantes que sequer participaram do ato de ocupação. Quais os critérios usados para essa acusação seletiva? Tudo indica que a escolha recaiu justamente sobre aqueles que protagonizaram as negociações ao longo dos 4 meses. Tal critério, assim como a brusca mudança na estratégia da reitoria sinalizam para o abandono do diálogo para resolver conflitos, contrariando o que se esperaria de uma instituição que se considera democrática.

A luta estudantil da USP foi reconhecida pelo poder judiciário sob a alegação: “Frise-se que nenhuma luta social que não cause qualquer transtorno, alteração da normalidade, não tem força de pressão e, portanto, sequer poderia se caracterizar como tal”. Ao revés, a reitoria da UNESP extirpa o direito de reivindicar e de questionar a ordem excludente, elitista e desigual. Seu objetivo parece caminhar no sentido de instaurar uma conveniente inércia ao movimento estudantil que vem se articulando politicamente em vários campi da universidade.

Mediante os fatos, nós, abaixo assinantes, demonstramos nosso repúdio a este processo de repressão institucional instaurado na UNESP e solicitamos o imediato arquivamento dos processos de sindicância contra os estudantes!

Assinantes:

Adilson Marques Gennari – Professor da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Araraquara). 

Adrián Pablo Fanjul – Professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).

Adriana Rodrigues Novaes – Professora da Rede Pública do estado de São Paulo e mestre pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Ana Carolina Galvão Marsiglia – Professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

Ana Dumrauf – Professora da Universidad Nacional de La Plata (Argentina).

Ana Morales – Universidad de San Carlos de Guatemala (Guatemala).

Ana Paula Nunes – Professor do Curso de Serviço Social da Universidade Estadual de Marília (UEM - Editora CRV). 

Anderson Deo – Professor da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Marília).

Angélica Lovatto – Professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Marília).

Antonio Luis de Andrade (Tato) – Professor de didática do Departamento de Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Presidente Prudente).

Antonio Ozaí da Silva – Professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Arruda Franco – Professor do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade de São Paulo (USP).

Aurea de Carvalho Costa – Professora do Departamento de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Rio Claro). 

Beatriz Raposo de Medeiros – Professora da Universidade de São Paulo (USP). 

Breno Marques Bringel – Professor pesquisador do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Caio Navarro de Toledo – Professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). 

Carla Daniel Sartor – Professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). 

Carlos Alberto Anaruma – Professor do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Rio Claro).

Carlos Latuff – Cartunista e ativista político brasileiro.

Carlos Zeron – Professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP).

Claudete Basaglia – Doutoranda de Ciências Socias da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Araraquara).

Claudia Mazzei Nogueira – Professora de Serviço Social da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Coletivo Cimarron – Venezuela.

Cris Wissenbach – Professora do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).

Débora Cristina Goulart – Professora da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Marília).

Deivis Perez – Professor do Departamento de Psicologia Social da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Assis).

Dora Isabel Paiva da Costa – Professora da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Araraquara). 

Edmundo Antonio Peggion – Professor da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Araraquara).

Eduardo Sterzi – Professor do Departamento de Teoria Literária da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). 

Eleutério F. S. Prado – Professor senior da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP).

Elisabetta Santoro – Professora da Universidade de São Paulo (USP).

Emiliano César de Almeida – Mestrando em Sociologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Eurelino Coelho Neto – Professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

Fabiane Borsato – Professora da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Araraquara).

Fátima Cabral  – Professora da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Marília).

Flavio Wolf de Aguiar – Professor da Universidade de São Paulo (USP).

Francisco Alambert – Professor do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).

Frederico Daia Firmiano – Professor da Fundação de Ensino Superior de Passos da Universidade do Estado de Minas Gerais-Fesp (UEMG).

Frente Popular Darío Santillán – Corriente Nacional (Argentina). 

GEAPI – Grupo de Estudos Anarquistas do Piauí.

Gilberto Calil – Professor Associado do curso de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste-PR).

Glória Alves – Professora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP). 

Guido Saccal, La Mella – Presidencia de la Federación Universitaria de Buenos Aires (Argentina).

Gustavo dos Santos Cintra Lima – Professor da Rede Pública do estado de Minas Gerais e mestrando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 

Gustavo Venturi – Professor do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP).

Heloísa Rodrigues Fernandes – Professora associada e coordenadora técnica da Universidade de São Paulo (USP). 

Helter Garmes – Professor do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade de São Paulo (USP).

Ilza Yogui – Assistente de suporte acadêmico da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Araraquara). 
István Mészáros – Professor aposentado da Universidade de Sussex (Inglaterra).

Itamar Pereira de Aguiar – Professor titular da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).

Ivana Jinkings – Diretora Editorial da Editora Boitempo.

Javier Amadeo – Chefe de Gabinete da Reitoria Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Joana Aparecida Coutinho – Professora do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

João Bernardo Maia Viegas – Escritor e militante político português. 

João da Costa Chavez – Professor da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Assis). 

João Hansen – Professor do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade de São Paulo (USP). 

Jorge Grespan – Professor da Universidade de São Paulo (USP). 

Jorge Luiz Souto Maior – Professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

José Arbex Jr. – Professor do Departamento de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

José Sterza Justo – Professor do Departamento de Psicologia Evolutiva, Social e Escolar da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Assis).

Juarez Tadeu de Paula Xavier – Professor do Departamento de Comunicação Social da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Bauru).

Juliana Biondi Guanais – Doutoranda em Sociologia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Kabengele Munanga – Professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).

Kwame Yonatan Poli dos Santos – Mestrando do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Assis).

Lalo Watanabe Minto – Professor da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Marília). 

Lilian Marta Grisolio Mendes – Professora e coordenadora do Curso de Bacharelado em História da Universidade Federal de Goiás (UFG/CAC).

Ligia Chiappini Moraes Leite – Professora do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da Universidade de São Paulo (USP).

Lívia de Cássia Godoi Moraes – Professora da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Marília).

Luciano Nunes do Vale – Mestrando em Filosofia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). 

Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida – Professor associado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Luiz Bernardo Pericás – Professor-pesquisador visitante (pós-doutoral) do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (USP). 

Luiz Carlos da Rocha – Professor da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Assis).

Luiz Renato Martins – Professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP).

Manoel Fernandes – Professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).

Manuel Machuca – Coletivo Andamios (Chile).

Marco Aurélio Santana – Professor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Marcos Corrêa da Silva Loureiro – Professor da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Marcos Silva – Professor de História da Universidade de São Paulo (USP).

MAREA Popular – Movimiento por el Cambio Social (Argentina).

Maria Antonia Benutti Giunta – Professora e chefe do Departamento de Artes e Representação Gráfica da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Bauru).

Maria Helena P. T. Machado – Professora do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP).  

Maria Lucia Cacciola – Professora do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).

Maria do Rosário J. P. Palhari – Professora do Departamento de Artes e Representação Gráfica da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Bauru). 

Maria Orlanda Pinassi – Professora da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Araraquara).

Mario Mariano Ruiz Cardoso  – Professor Substituto da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

Mariana Barroso de Almeida Pimentel – Estudante de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e membro do Núcleo de Consciência Negra da UNICAMP e da Frente Pró-Cotas de São Paulo.

Marisa Eugênia Melillo Meira – Professora da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Bauru).

Maristela Rosângela dos Santos Pinheiro – Mestranda em História da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Mauricio Cardoso – Professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP). 

Mauricio Vieira Martins – Professor do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Mauro Luis Iasi – Professor da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Meire Mathias – Professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Miguel Mazzeo – Professor da Universidad de Buenos Aires (UBA) y Universidad de Lanús (UNLa).

Milton Pinheiro – Professor da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

Mirian Claudia Lourenção Simonetti – Professora assistente doutora do Departamento de Ciências Políticas e Econômicas e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Marília).
Murilo Leal Pereira Neto – Diretor e professor da Universidade Federal de São Paulo do campus de Osaco (UNIFESP).

Nairobis Figuera – Partido Socialista Unidos de Venezuela Psuv. 

Natalia Scartezini – Docente das instituições de Ensino Superior: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Sobral Pinto (FAIESP) e Faculdade Integrada de Rondonópolis (FAIR) da Universidade de Cuiabá (UNIC).

Neide Maia González – Professora do Departamento de Letras Modernas da Universidade de São Paulo (USP).

Neusa Maria Dal Ri – Professora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Marília).

Nildo Silva Viana – Professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Onilda Alves do Carmo – Professora da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Franca).

Oswaldo Coggiola – Professor da Universidade de São Paulo (USP).

Pablo Díaz – Observatorio de Política de Tierra da Universidad de la República (Uruguay).

Paula Marcelino – Professora do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP).

Paulo Barsotti – Professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP).

Paulo Henrique Furtado de Araujo – Professor Adjunto da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Patricia Sposito Mechi – Professora de História Contemporânea do curso de História da Universidade Federal do Tocantins (UFT).

Plinio de Arruda Sampaio Jr. – Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Priscila Figueiredo – Professor do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). 

Raquel Santos Sant'Ana – Professora do Departamento de Serviço Social da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Franca).

Renato da Silva Queiroz – Professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Estadual Paulista (USP).

Renato Lemos – Professor do Instituto de História da Federal da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ricardo Antunes – Professor do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Roberto della Santa – Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL). 

Roberto Leher – Professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Robinson Janes – Professor da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Marília).

Rodrigo Castelo – Professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

Rodrigo Ricupero – Professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP).

Rosa Maria Araújo Simões – Professora do Departamento de Artes e Representação Gráfica da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Bauru).

Rosangela Sarteschi – Professora do Departamento do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade de São Paulo (USP).

Ruy Braga – Professor do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). 

Salvador Schavelzon – Professor da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Sean Purdy – Professor de História da Universidade de São Paulo (USP).

Sergio Mauro Romagnolo – Professor do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (UNESP-São Paulo). 

Silvia Aparecida de Sousa Fernandes – Professora da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Marília).

Silvia Beatriz Adoue – Professora da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Araraquara). 

Silvia De Bernardinis – Historiadora e Professora do Instituto Cultural Italo-Brasileiro (ICIB). 

Sílvio Gallo – Professor do Departamento de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Sofia Manzano – Professora da Universidade do Sudoeste da Bahia (UESB).

Sylvia Caiuby Novaes – Professora do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP).

Tomás Rafael Cruz Cáceres – Professor recém aposentado do Departamento de História da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP-Assis).  

Turma de Mestrado JC MARIÁTEGUI del Mestrado TerritoriAL da UNESP.

Vanderlei Elias Nery – Pesquisador do Núcleo de Estudos de Ideologias e Lutas Sociais (NEILS) e do Grupo de Pesquisa: Educação, Sociedade e Políticas Públicas: aspectos da teoria histórico-cultural (GEPESPP) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Vera Lúcia Cozani – Assistente de Suporte Acadêmico do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (UNESP-São Paulo).

Vera Lucia Navarro – Professora associada na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da Universidade de São Paulo (USP).

Vera Telles – Professora do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP).

Vima Lia Martin – Professora do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade de São Paulo (USP).

Virgínia Fontes – Professora e historiadora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Wagner Costa Ribeiro – Professor da Universidade de São Paulo (USP).

Walter Günther Rodrigues Lippold – Professor das Faculdades Porto-Alegrenses (FAPA).

Zilda Márcia Grícolli Iokoi – Professora do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP). 




Outros contatos:

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Buenaventura Durruti numa entrevista com Pierre Van Paasen (Toronto Star, setembro de 1936).



Para nós, é uma questão de esmagar o fascismo de uma vez por todas.
Nenhum governo do mundo combate o fascismo até a morte.
Quando a burguesia vê que o poder lhe escapa das mãos, recorre ao fascismo para manter-se. Há muito o governo liberal da Espanha poderia ter retirado o poder dos seus elementos fascistas. Mas, em vez disso, contemporizou, transigiu e perdeu tempo. Mesmo agora, neste exato momento, existem homens deste governo que querem facilitar as coisas para os rebeldes. Nunca se pode saber, não é mesmo? - o atual governo ainda pode vir a precisar dessas forças rebeldes para acabar com o movimento operário...
Sabemos o que queremos. Para nós, não importa que haja uma União Soviética, por cuja paz e tranquilidade Stálin sacrificou os operários da Alemanha e da China. Queremos aqui na Espanha agora, imediatamente, e não talvez depois da próxima guerra na Europa.
Estamos hoje dando muito mais preocupações a Stálin e a Hitler com a nossa Revolução do que o exército vermelho na Rússia. Para a classe operária alemã e italiana damos o exemplo de como tratar o fascismo.
Não espero que nenhum governo do mundo dê ajuda a uma revolução libertária. Talvez os interesses conflitantes dos vários imperialistas possam ter alguma influência sobre a nossa luta. É possível. Franco está fazendo o que pode para arrastar a Europa para o conflito. Ele não hesitará em lançar a Alemanha contra nós. Mas não esperamos qualquer ajuda, nem mesmo do nosso governo.
(Pierre Van Paasen interrompe para dizer: "Se vencerem, estarão sentados sobre um monte de ruínas".)
Mas nós sempre vivemos em cortiços e buracos nas paredes. Saberemos como arranjar-nos durante algum tempo. Pois não devem esquecer que também sabemos construir. fomos nós que construímos os palácios e as cidades na Espanha, na América e em toda a parte. Nós, os operários, saberemos construir outros para tomar o lugar dos que forem destruídos. E ainda melhores. Não temos medo de ruínas. Nós herdaremos a terra. Quanto a isto, não há a menor dúvida. Os burgueses podem fazer explodir e destruir o seu mundo antes de abandonarem o palco da História. Nós trazemos um mundo novo em nossos corações. E esse mundo está crescendo a cada minuto que passa".


WOODCOCK,George. Grandes escritos anarquistas. Porto Alegre: Editora L&M Pocket, 1981. p.228-229.

"Durruti está morto, porém vivo" - Emma Goldman.





Durruti, a quem vi há não mais que um mês, perdeu sua vida nos combates de rua de Madrid. 
Meu conhecimento anterior deste tempestuoso petrel do anarquismo e seu revolucionário movimento na Espanha era meramente das leituras sobre ele. Em minha chegada a Barcelona aprendi muitas histórias fascinantes sobre Durruti e sua coluna. Elas tornaram-me ávida para ir ao front de Aragon, onde ele era o espírito guia das audazes valentes milícias, lutando contra o fascismo. 
Cheguei ao quartel-general de Durruti quase à noite, completamente exausta pela longa viagem numa estrada rude. Poucos momentos com Durruti foram um forte tônico, refrescante e animador. Um corpo poderoso como se abrisse o caminho das Pedras de Monteserrat, Durruti representava facilmente a imagem mais dominante entre os Anarquistas que conheci desde minha chegada à Espanha. Sua energia extraordinária me entusiasmava, como parecia ser o efeito em todos os que estavam ao seu redor. 
Vi Durruti em uma verdadeira colméia de atividades. Homens entrando e saindo, o telefone constantemente chamando por Durruti. Além disso, haviam as ensurdecedoras marteladas dos trabalhadores que estavam construindo um galpão de madeira para a equipe de Durruti. Através de toda a gritaria e constante exigência de seu tempo, Durruti permaneceu sereno e paciente. Recebeu-me como se me tivesse conhecido por toda sua vida. A gentileza e cordialidade de um homem engajado em uma luta de vida ou morte contra o fascismo era algo que eu dificilmente esperava. 
Havia ouvido muito sobre o comando de Durruti, sobre a coluna que levava seu nome. Estava curiosa para saber por quais meios, além da campanha militar, ele utilizou para conseguir unir ao todo 10.000 voluntários sem treinamento ou experiência militares de nenhum tipo. Durruti pareceu surpreso que eu, uma velha Anarquista, pudesse mesmo perguntar isso. “Tenho sido um Anarquista por toda minha vida”, ele respondeu. “Espero que tenha permanecido um. Eu deveria achar muito triste ter me tornado um general e dominar os homens com pulso militar. Eles vieram a mim voluntariamente, estão prontos a arriscar sua vida na luta antifascista. Acredito, como sempre acreditei, em liberdade. A liberdade que repousa no senso de responsabilidade. Considero a disciplina indispensável, mas precisa ser interna, motivada por um propósito comum e por um forte sentimento de camaradagem.” Ele ganhou a confiança dos homens e sua afeição porque nunca agiu como superior. 
Durruti era como um deles. Comia e dormia com tanta simplicidade quanto eles; freqüentemente negando a si sua própria porção para alguém fraco ou doente, e mais necessitado. E dividia com eles, também, o perigo de cada batalha. Este era sem dúvida o segredo de seu sucesso com a coluna. Os homens o adoravam. Eles não somente levavam adiante todas as instruções dele como também estavam prontos para segui-lo ao maior risco possível para repelir a posição fascista. 
Eu havia chegado na noite de um ataque que Durruti tinha preparado para a manhã seguinte. Ao amanhecer, Durruti — assim como o resto da milícia, com o rifle sobre o ombro — liderou o caminho. Junto deles, fez o inimigo retroceder 4 km, e também obteve sucesso em capturar uma quantia considerável de armas que os inimigos tinham deixado para trás em sua fuga. O exemplo moral de simples igualdade não era de modo algum a única explicação para a influência de Durruti. 
Havia um outro: sua capacidade de fazer com que seus milicianos compreendessem o sentido mais profundo da luta antifascista — o sentido que havia dominado sua própria vida e que ele havia aprendido a articular para os mais limitados. 
Durruti me falou da sua abordagem aos difíceis problemas dos homens que vinham para depois se fazerem ausentes logo quando mais se precisava deles no front. Os homens evidentemente conheciam seu líder — conheciam sua determinação — sua vontade férrea. Mas eles também conheciam sua compaixão e a nobreza escondidos por trás de sua aparência austera. Como ele poderia resistir quando os homens contavam a ele de doença em casa — pais, esposa ou filhos? 
Durruti foi perseguido antes dos gloriosos dias de julho de 1936, como um animal selvagem, de país a país. Preso por vezes como criminoso, até mesmo condenado à morte. Ele, odiado anarquista, odiado pela trindade sinistra: a Burguesia, o Estado e a Igreja. Esse sem-teto vagabundo incapaz de sentimento, como o diabrete capitalista inteiro proclamava. Quão pouco eles conheciam Durruti... Quão pouco entendiam seu coração amante. Ele nunca ficou indiferente às necessidades de seus companheiros. Agora, no entanto, ele estava engajado em uma luta desesperada contra o fascismo em defesa da Revolução, e cada homem era imprescindível em seu posto. De fato uma situação difícil de enfrentar. Mas a engenhosidade de Durruti vencia todas as dificuldades. 
Ele ouvia pacientemente a história de infortúnio e então discorria sobre a causa da doença entre os pobres: excesso de trabalho, desnutrição, falta de ar livre, de alegria de viver. 
“Você não vê, camarada, que a guerra que eu e você travamos é para salvaguardar nossa Revolução, e a Revolução é para dar fim à miséria e ao sofrimento dos pobres. Nós temos de vencer nosso inimigo fascista. Nós temos que ganhar essa guerra. Você é uma parte essencial disso. Você não vê, camarada?”. Os camaradas de Durruti viam sim, e geralmente permaneciam. 
Quando alguém insistia em partir, Durruti dizia “Tudo bem, mas você vai a pé, e quando chegar a seu vilarejo, todos saberão que sua coragem falhou, que você fugiu, que se esquivou da tarefa que impôs a si mesmo”. Isso funcionava como mágica. O homem implorava para ficar. Nenhuma intimidação militar, nenhuma coerção, nenhuma punição disciplinar para manter a coluna Durruti no front. Só a energia vulcânica do homem carregava todos consigo e fazia todos sentirem-se unos com ele. 
Um grande homem este anarquista Durruti, um líder nato e professor dos homens, atencioso e terno camarada em uma só pessoa. E agora Durruti está morto. Seu grande coração já não bate. Seu corpo poderoso veio abaixo como uma árvore gigantesca. E no entanto, porém —Durruti não está morto. As centenas de milhares que compareceram no sábado, 22 de novembro de 1936, para prestar sua última homenagem a Durruti, são a prova disso. Não, Durruti não está morto. O fogo de seu espírito ardente acende em todos que o amaram e conheceram, e nunca poderá ser extinto. As massas já ergueram alto a tocha que caiu das mãos de Durruti. Eles a estão carregando ante si na estrada que Durruti mostrou por muitos anos, a estrada que leva ao ápice do ideal de Durruti. Esse ideal era o anarquismo — a grande paixão da vida dele. Ele o serviu completamente e se manteve leal a ele até seu último suspiro. 
Se fosse necessária uma prova da ternura de Durruti, sua preocupação com minha segurança teriam-na dado. Não havia lugar para alojar-me nos quartéis da equipe geral. E o vilarejo mais próximo era Pina. Mas este fora bombardeado repetidamente pelos fascistas. 
Durruti abominava que eu fosse mandada para lá. Insisti que estava tudo bem. Afinal só se morre uma vez. Pude ver em seu rosto o orgulho de que sua camarada não tinha medo. Deixou-me ir, sob forte proteção. Fui grata a ele porque me deu a rara oportunidade de conhecer muitos dos camaradas em armas de Durruti e também de falar com as pessoas do vilarejo. O espírito dessas vítimas do nazismo, mais que postas à prova, era extremamente impressionante. 
O inimigo estava a apenas uma pequena distância de Pina e do outro lado de um riacho. Mas não havia medo ou fraqueza entre as pessoas. Eles heroicamente seguiam lutando. “Antes mortos que regidos pelo nazismo”, disseram-me. “Estaremos com Durruti e tombaremos com ele até o último homem”. 
Em Pina, descobri uma criança de 8 anos, uma órfã que já havia sido atrelada à labuta diária com uma família fascista. Suas mãozinhas estavam vermelhas e inchadas. Seus olhos, cheios de horror dos terríveis golpes sofridos nas mãos pelos mercenários de Franco. O povo de Pina é deploravelmente pobre; no entanto todos davam a esta criança maltratada todo o amor e carinho que ela nunca conhecera antes. 
A imprensa européia, desde o começo da guerra antifascista, uniu-se para caluniar e difamar os espanhóis defensores da liberdade. Não houve um só dia dos últimos 4 meses em que estes sátrapas não escreviam as reportagens mais sensacionalistas das atrocidades cometidas pelas forças revolucionárias. Todos os dias os leitores dessas folhas amarelas eram alimentados com notícias de tumultos e desordens em Barcelona e outras cidades e vilarejos livres da invasão fascista. 
Tendo viajado por toda a Catalunha, Aragão e Levante, visitado cada cidade ou vilarejo no caminho, posso atestar que não há sequer uma palavra de verdade nos horripilantes relatos que li nas imprensas britânica e continental. Um exemplo recente da fabricação de notícias completamente inescrupulosas era dada por alguns jornais a respeito da morte do anarquista e líder heróico na luta antifascista, Buenaventura Durruti. 
De acordo com este relato absurdo, a morte de Durruti supostamente levou adiante violentas dissensões e revoltas em Barcelona entre os camaradas do falecido herói revolucionário Durruti. 
Seja quem for que escreveu essa invenção descabida, esta pessoa não esteve em Barcelona. E sabia menos ainda do lugar que Buenaventura Durruti ocupava nos corações dos membros da CNT e da FAI. De fato, nos corações e na estima de todos apesar de sua divergência com as idéias políticas e sociais de Durruti. Na verdade, nunca houve tão completa unidade nas fileiras do front popular na Catalunha, como desde que a morte de Durruti foi conhecida até quando ele foi finalmente posto para descansar. 
Cada partido de cada facção política que lutava contra o fascismo espanhol parou para prestar tributo amoroso a Buenaventura Durruti. Mas não só os camaradas diretos de Durruti, contando centenas de milhares e todos os aliados na luta antifascista, a maior parte da população de Barcelona representou um incessante afluxo de humanidade. Todos tinham vindo para participar do longo e exaustivo cortejo fúnebre. Barcelona nunca havia testemunhado antes tal mar de gente, cujo pesar silencioso ergueu-se e prostrou-se em completo uníssono. 
Assim também com os camaradas de Durruti — camaradas intimamente ligados por seu ideal, e os camaradas da esplêndida coluna que ele havia criado. Sua admiração, seu amor, sua devoção e respeito não deixaram espaço para discórdia e dissensão. Eles eram como um só em seu pesar e determinação de continuar a batalha contra o fascismo, e pela concretização da revolução pela qual Durruti havia vivido, lutado e se arriscado por inteiro até seu último suspiro. 
Não, Durruti não está morto! Ele está mais vivo que os vivos. Seu exemplo glorioso será agora emulado por todos os camponeses e trabalhadores catalães, por todos os oprimidos e desamparados. As lembranças da coragem e da força de Durruti os incitarão a grandes feitos até que o fascismo seja destruído. Aí então começará o verdadeiro trabalho — o trabalho sobre uma nova estrutura social de valor humano, justiça e liberdade. Não, não! Durruti não está morto! Ele vive em nós para todo sempre. 


Tradução do inglês por Maria Abramo Caldeira Brant.



O ENTERRO DE DURRUTI




quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Anarquismo Vive!

"Pátria? Renego-te! Bandeiras não significam nada para mim.. Cresci em meio a desordem e com a educação que o pais me ofereceram só aprendi uma coisa: Nada tenho a perder. Será que os políticos imaginariam que uma geração inteira pensasse e ao invés de se entregarem para o capital começassem a ler Bakunin? Será que eles imaginariam que nós fossemos esquecer de tudo que vimos de mal? Lutamos todos os dias para levar a liberdade para cada prato vazio que existe sobre este solo.. Lutamos para que o capital devolva todas as vidas que ele levou. Ser Anarquista é lutar, resistir e não se entregar. Não ver nada como desafio e sim como uma revanche! É contestar acima de tudo. Imagino todos os dias quantas pessoas o capitalismo já não matou. Quantos seres vivos como eu e você o capitalismo já não humilhou. Pra que? Porque? Como alguém não enxerga isso? Enquanto alguém come, outro morre de fome pelo simples fato de não ter dado sorte. É contra isto que nós lutamos! O ser humano nasce livre e tem que morrer livre. Cada Anarquista é um Zapata! Cada Anarquista é Zumbi, Magón, Malverde, Zapata. Para cada anarquista um kilombo é criado. Um EZLN, uma Favela do Moinho, um Carandiru, uma resistência francesa, um show do Racionais na Sé! Afinal, para um Anarquista todo dia é 6/9/1945. Vivemos num mundo onde direitos civis são negócios e sentimentos viraram brincadeira.. Você tem algo a perder? Nunca teve! A causa sempre foi maior que as nossas vidas! Faremos jus a todo sangue anarquista que foi derramado. Não desistiremos! Nós todos somos o Anarquismo, nós todos somos um só". Texto produzido pelo camarada George Henrique, de São Paulo-SP.