(Com a colaboração mais que importante da companheira Maria Tereza, a tradução deste texto foi possível. Nós, do Grupo de Estudos Anarquistas do Piauí a agradecemos imensamente!!!)
Para o editor do The Open Court:
Possuidora de um pouco mais de interesse na questão entre os sexos, e concordando com o Professor Cope que qualquer proposta para a melhoria da condição das mulheres deve ser discutida e decidida por mulheres, eu sou movida a certas observações sugeridas pelo seu artigo "The Material Relations of Sex" no primeiro número de The Monist.
Durante toda a leitura fiquei impressionada com seu reconhecimento inconsciente de uma questão profunda, que, além da inferioridade da mulher, determina as relações entre os sexos. Isto é claramente evidente no parágrafo aludindo ao sistema comunista de produção e distribuição da riqueza, em que ele admite a possibilidade de relações sexuais promíscuas. Embora concorde com o Professor Cope que instituir o comunismo seria um golpe decidido no progresso, uma vez que o progresso consiste em uma ampliação constante da liberdade individual enquanto o comunismo invoca direção autoritária, no entanto, sustento em admitir a possibilidade de variedade nas relações sexuais sob o regime comunista, ele admitiu que o atual arranjo social do sexo é a consequência necessária de nossas condições econômicas.
Postulando o fato da inferioridade física e mental da mulher, o nosso escritor não vê possível ultimato para ela, mas o serviço de maternidade e de procriar em troca de "proteção e apoio" de algum homem ou conjunto de homens, chamado de "Estado". Isso nos leva imediatamente a duas questões fundamentais:
A inferioridade da mulher é a causa, ou o efeito, de sua sujeição econômica?
A independência econômica para as mulheres é um possível ideal?
Eu acho que pode ser claramente comprovado que a constituição mental da mulher, como a do homem, nunca deixou de aumentar onde restrições sobre a liberdade igualitária foram derrubadas. Sempre mulher teve a mesma oportunidade que o homem, os resultados provaram que suas capacidades para o desenvolvimento são tão ilimitadas quanto o dele. Pode-se objetar que estou instanciando casos excepcionais, em vez de lidar com tipos. Minha resposta é que só em casos excepcionais tenham apreciado as mulheres as mesmas oportunidades que os homens. Contudo estes casos são suficientemente numerosos para justificar a conclusão de que a natureza não oferece qualquer obstáculo insuperável para a igualdade dos sexos em relação ao cérebro, e que a "inferioridade" na mulher normal deve ser considerada como o resultado de sua condição econômica dependente, criada pelas restrições artificiais do homem.
Relacionando a incapacidade física dos sexos, é mais difícil mostrar os benefícios da liberdade, já que até as mais avançadas mulheres são tão atrapalhadas pela fragilidade, vestimenta, e costumes que nós mal temos dados suficientes para a opinião a respeito das possibilidades dela de desenvolvimento físico. Assim como nós poderíamos indicar que grande parte da atual incompetência durante os períodos de gestação e amamentação, é devido ao defeituoso atual arranjo social que condena a mulher ao penoso trabalho doméstico individual, e todo trabalho submisso da muito elogiada vida familiar.
Entretanto, até a inferioridade física não é prova da eterna barreira para a independência econômica que o professor Cope faz disso. O progresso industrial de hoje não exige muito de força física como a habilidade. Sem dúvida o elefante tem força física superior que a do homem, já que ele não é concorrente do homem eu não preciso perder tempo para demonstrar. Da mesma forma o Hercules dos tempos passados poderia não ter lugar na competitiva indústria de hoje, simplesmente porque ele poderia não estar adaptado a esse ambiente. Concedendo a presente invalidez física da mulher, isso de modo algum segue que, com oportunidade igual, ela seria incapaz de competir com o homem nos campos da indústria produtiva. De fato, uma afirmativa comum dos operários é a de que eles se mantêm competindo e de que, pela lei da sobrevivência do mais adaptável, já expulsaram homens de diversos ramos de empregos, como indústrias têxteis, sapatarias, etc. Nenhuma grande quantidade de força é necessária, exceto habilidade e paciência, e é essa a evidencia universal dos fiscais de que mulheres são igualmente hábeis e mais confiáveis.
Existe uma classe de reformadores econômicos chamados anarquistas que argumentam que, com oportunidade para explorar a natureza lançada livre para a raça humana, as horas de trabalho seriam reduzidas a ponto de permitir alguém produzir o suficiente para satisfazer todas as suas necessidades em três horas de trabalho por dia. Isso com nosso maquinário atual, as possibilidades de redução futuras são deixadas para desenvolvimentos futuros. Eles também argumentam que tal liberdade deve necessariamente resultar na constante trabalho-demanda, assim assegurando o trabalhador contra o atual pesadelo da desocupação involuntária. Sob tais condições, tendo em mente que a constante de deslocamento de força física pelas máquinas, mantem reduzindo a responsabilidade física de trabalho produtivo, a independência econômica das mulheres se torna um ideal concebível e toda questão de associação de sexos muda. Quando a mulher compreender sua independência, casamento não será mais uma questão de “proteção e suporte,” que o professor Cope declara ser a base de ser uma esposa monogâmica. Isso se tornará uma questão de mutual cooperação, baseada, nos deixa esperar por algo melhor que a venda dos poderes da maternidade, e reivindicando a mesma bandeira para homem e para mulher.
Se a monogamia ou variedade irá então obter, depende de qual desses sistemas produz o melhor tipo de humanidade. No presente isso é impossível decidir, uma vez que sem independência da mulher não pode haver igualdade, e sem igualdade, nenhum verdadeiro ajuste relações de sexos.
Voltarine de Cleyre
Fonte: The Anarchist Library