quinta-feira, 31 de julho de 2014

[PARNAÍBA] Evento: NÃO ESQUECEREMOS! - Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti.




No dia 23 de Agosto de 2014, completará 87 anos da morte de Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti; o assassino de ambos trabalhadores italianos foram os Estados Unidos da América. Forjando documentos e provas, munidos de uma jurisdição xenófoba e conservadora, condenaram os dois a cadeira elétrica. A metodologia de criminalização do Estado, especialmente aos anarquistas, não é uma novidade. Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti não foram os primeiros a perderem sua vida e liberdade diante da justiça burguesa. 

No Brasil, a ação de repressão aos movimentos sociais ocorre principalmente no início da República velha e o começo da consolidação do Estado brasileiro. Diante da política de branqueamento social e da abolição da escravidão, imigrantes de outras partes do Mundo chegavam nos principais portos do país. Dentro de suas bagagens, além de sonhos e esperanças de uma vida melhor, traziam a experiência histórica da classe operária europeia. A realidade apresentada no país foi o oposto do esperado, e perante esta situação, começaram a organizar sociedades de resistência. As manifestações proletárias evoluíram de forma crescente até irromper na Greve Geral de 1917. A repressão acompanhou pari passu esta evolução. Invasões de sedes de sindicatos, infiltrações de policiais em reuniões, torturas, prisões, deportações, exílios e mortes eram constantes no país. 

O Estado novo varguista deu continuidade a metodologia de repressão, perseguindo os anarquistas que agora se organizavam principalmente nos Centros de Cultura Social, após a integração dos sindicatos ao Estado, da criação do Ministério do Trabalho, e da CLT. O Estado de Bem Estar começava a se modelar, imitando a ideia de Mussolini na Itália fascista.

Mais adiante, o período mais marcante da repressão brasileira: A ditadura civil-militar. Sob a orquestração da CIA, montando um pânico generalizado no país a respeito de uma "ameaça comunista", os militares juntamente com a instituição estadunidense deram um golpe de Estado que perdurou por mais de 20 anos. De 1964 a 1988, militantes de várias organizações sociais, desde a igreja a partidos políticos, foram espancados, torturados, dilacerados moral e psicologicamente, mutilados, abusados, perseguidos e mortos.

Em 1988, no entanto, com o fim da abertura política e com a eleição do primeiro presidente civil desde 64, dá-se início à "democracia", sob a esperança de liberdade política, e o fim das repressões. Enganaram-se. Em 26 anos, a democracia brasileira, para os movimentos sociais nada mais é do que o acúmulo prático de 126 anos de sufocamento das lutas e intenções dos que desejam um mundo pautado na justiça e igualdade social, isto é, desde à constituição da república à democracia burguesa..

Em junho de 2013, um levante popular marca um novo ciclo de lutas sociais no país. A autonomia, o classismo, a combatividade e a cooperação mútua são características não somente da maioria dos movimentos sociais atuantes na onda de protestos que perdura até o momento, mas também os princípios organizacionais dos trabalhadores estrangeiros que aqui desembarcaram na Primeira República: O anarquismo. E assim como os Mártires de Chicago, Nicola Sacco, Bartolomeo Vanzetti, e tantos outros que foram presos ou mortos no esquecimento, O Estado continua massacrando os que lutam; sua repressão se estende ainda às periferias, em todas as cidades do país e do mundo, pois a intenção de qualquer Estado, é se manter intacto, nem que seja preciso enganar toda uma população.

Em meio  a prisões políticas, torturas, e demais meios de coerção apresentadas pelo Estado brasileiro, assim como um ato em solidariedade a todos os povos que sofrem com a repressão em seus Estados e países, e apoio permanente axs pres@s polític@s desde as manifestações de Junho de 2013, o GEAPI - Grupo de Estudos Anarquistas do Piauí constrói uma roda de debates chamada "NÃO ESQUECEREMOS! - Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzzetti", em vista dos 87 anos do homicídio de ambos os anarquistas. Será realizado no dia 16 de agosto de 2014. A programação será a seguinte:

08:30h - [PALESTRA] A vida pela liberdade: Nicola Sacco & Bartolomeo Vanzetti;

09:30h - Exibição do Filme "Sacco & Vanzetti".

(Por volta das 11:30h, faremos uma pausa para o almoço e retornaremos pela tarte).

14:30h - [PALESTRA] Repressão e criminalização dos movimentos sociais: Ontem e hoje.

16:00h - Reunião Pró-Comitê Popular de Auxílio axs Pres@s Polític@s.

O evento ocorrerá no Auditório da Universidade Estadual do Piauí, é aberto para tod@s @s interessad@s a contribuir e conhecer. Entrada franca.


“Primeiro levaram os Black Blocs,
Mas não me importei com isso, eu não era Black Bloc.
Em seguida levaram alguns Anonymous,
Mas não me importei com isso, eu também não me intitulava como Anonymous.
Depois prenderam os militantes de grupos sociais,
Mas não me importei com isso porque não me associei a ninguém.
Depois agarraram manifestantes comuns,
Mas como não saí as ruas também não me importei.
Agora estão me levando, mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo”.

Evento no facebook aqui

quarta-feira, 30 de julho de 2014

[Rio de Janeiro] Nota da Organização Anarquista Terra e Liberdade sobre as prisões dxs lutadorxs e as perseguições políticas

Reproduzimos em nosso site a recente publicação da Organização Anarquista Terra e Liberdade - OATL acerca das recentes prisões de seus militantes. A estes e a tod@s @s pres@s políticos, nossa solidariedade!



"São tempos duros, companheirxs. É difícil encontrar as palavras que transmitam a nossa indignação frente às absurdas prisões políticas dxs lutadorxs, iniciadas no último 11 de julho.

Onde um Estado cujas palavras de ordem são a arbitrariedade e a violência, e onde a Lei é a inconstitucionalidade, para nós, que nunca acreditamos na Justiça burguesa, o que nos fortalece é o apoio mútuo e as redes de solidariedade axs presxs, foragidxs e aos seus familiares que se formaram em vários setores da sociedade civil. É urgente que façamos uma campanha anticarcerária nacional e forte, contra a criminalização dos movimentos sociais, dxs lutadorxs e das organização da classe trabalhadora, como também pelo fim imediato de todos os processos e inquéritos.

Para muitos é uma surpresa assustadora que o momento de maior repressão política desde a instauração do AI-5 se dê no governo do PT. Para nós isso não é uma surpresa, é apenas a consequência lógica do jogo estatal, quem aceita fazer parte da farsa eleitoral, automaticamente se coloca ao lado dos torturadores. Um exemplo é o atual secretário de segurança pública do Rio, que era agente infiltrado da ditadura no movimento estudantil e, assim como todos os torturadores e outros crápulas do regime, continuou seu trabalho sem grandes mudanças sob o dito regime democrático. A farsa da redemocratização está escancarada, a mesma PM que matava em na ditadura civil-militar é a que mata hoje, que é a mesma que matava na ditadura varguista que é a mesma que matava com Arthur Bernardes, que é a mesma que caçava escravos fugitivos e índios rebeldes. A repressão não surgiu em 64 e não acabou em 85.

Nos marcos desse exemplo histórico de caçada aos movimentos reais de luta do povo, hoje as organizações anarquistas voltam a ser criminalizadas, como foram desde o acenso do movimento operário anarquista brasileiro, na década de 1920. Xs anarquistas sempre estiveram organizadxs atuando como fomentadorxs da luta do povo, desde os lugares de trabalho e moradia, contra o extermínio do Estado e contra exploração de classe. Nós anarquistas éramos e somos um perigo para o poder constituído, pois defendemos a negação deste – o poder popular -, que não é obra de líderes, mas sim de um trabalho árduo e contínuo de mobilização e de luta ao lado do povo, incentivando sua ação direta e sua organização revolucionária contra o Estado e por um mundo novo, justo e livre. É essa a Justiça que queremos, a que o povo faz na sua luta, onde o povo decide e onde ninguém fica para trás. O poder popular nega o Estado e constrói toda a organização social de forma federativa e de baixo pra cima, toda propriedade é coletivizada e o povo reparte entre os trabalhadorxs o fruto de seu próprio suor. Sem patrões, políticos enganadores, corruptos ou corruptores, sem depender dos mandos do capitalismo financeiro global. Carregamos um mundo novo em nossos corações e com Terra e Liberdade nós construiremos a Comuna Popular do Rio de Janeiro.

Nos termos do Estado burguês, isso é um absurdo e por isso a perseguição ao anarquismo é necessária. É preciso marcar a carne de toda uma geração com a passividade que eles tanto prezam, amedrontar a juventude combativa com prisões « exemplares ». Mas, nós atingimos a espinhal dorsal da reação, na sua crença de que não há saída para a política, para nossas condições materiais e sociais. O levante popular de 2013 levou ao desespero todxs aquelxs que buscam manter a ordem atual, trazendo consigo uma nova materialidade política, novas lições estratégicas, novas possibilidades de vitória.

Solidarizamo-nos a todas as organizações e lutadorxs que estão sendo criminalizadas por meio desse sádico espetáculo policial-midiático, pois sabemos que o objetivo de toda essa perseguição é reprimir a quem luta e quem acredita que é preciso dar um BASTA à exploração de classe e a todas as opressões. Perseguem-nos porque denunciamos o papel nefasto que cumpre as polícias, porque estamos cansados de ser esculachados perdendo casa, escola, hospital para que meia dúzia de capitalistas lucrem durante os dias de Copa do Mundo!

Xs militantes da OATL têm participado, a cada dia, da organização do povo. E sabemos que não somos só uma organização! Somos o povo revoltado, somos o povo que não vai se calar! A OATL estará na rua, porque o povo estará. Não tem Estado ou Burguesia que possa conter a legítima revolta do povo, pois eles mesmos provocaram essa revolta! A longa experiência amarga do povo fez com que ele mesmo criasse suas armas de autodefesa e resistência. A ação direta, as ocupações, as comunas, as greves e os atos de rua não foram invenção dos anarquistas, mas do povo em luta contra as opressões. Não somos nem nunca desejamos ser os responsáveis pela revolta popular, somos mais um na multidão indignada.

É intolerável que deixemos passar o terrorismo de Estado que mata todos os dias o povo negro e com a mesma brutalidade se volta contra xs lutadorxs sociais. Estamos ao lado do povo! Criminosas são as leis que defendem os inimigos da classe trabalhadora. A criminalidade está na cor que colore nossos corpos, negros na pele, negros na bandeira, negros no coração. Quadrilha armada é o Estado e o Capital que se utilizam de métodos fascistas de controle de nossas vidas com escutas, agentes infiltrados e quebra de privacidade das comunicações, perseguição, coação e tortura aos familiares dxs presxs e foragidxs! Os crimes quem os comete são as grandes corporações de mídia, os governos federal, estadual e municipal! Não se pode criminalizar um povo que se rebela e se organiza contra a exploração e a opressão de todos os dias. Não se pode criminalizar a justa revolta do povo!

E frente a toda essa ofensiva repressiva, concluímos que o único crime é NÃO LUTAR! É preciso que nós tomemos novamente as ruas! A pressão popular é fundamental para desarticular a máquina repressiva do Estado, denunciar o espetáculo forjado pelas grandes mídias para confundir-nos, alienar-nos e convencermos de que a luta não leva à mudanças. Convoquemos nossas organizações, coletivos, órgãos de base, grêmios, equipes esportivas, grupos de advogadxs, associações de bairro e toda a sociedade civil. Publicizemos nosso apoio, denunciemos o terrorismo de Estado e, sobretudo, saiamos às ruas!


LIBERDADE PARA TODXS PRESXS E PERSEGUIDOS POLÍTICXS!

FIM DOS PROCESSOS POLÍTICOS!

NINGUÉM FICA PRA TRÁS!

O ANARQUISMO NÃO PODE SER CAPTURADO! TODO PODER AO POVO!

OⒶTL".


quarta-feira, 23 de julho de 2014

GEAPI - 1 Ano



É com enorme alegria que noticiamos axscompanheir@s nosso primeiro aniversário.

O ponto de partida da nossa história é a primeira reunião do Grupo, mas que tem como plano de fundo uma longa articulação entre militantes de Teresina e Parnaíba. Em finais de Maio e início de Junho, através de redes sociais, militantes se conhecem e começam a trocar experiências e ideias acerca do que seria o GEAPI, a sua metodologia de trabalho, etc. Eis que em meados de Junho, barricadas se erguem nas principais cidades do país; começam assim as manifestações de Junho. Ainda na organização, tod@s @s anarquistas sessam momentaneamente as discussões e partem para a colaboração na construção dos eventos, passeatas, e manifestações. 

Quando toda a movimentação se dissipou, e ainda extremamente positivos ao futuro próximo, percebemos ainda mais a necessidade de construirmos pelo menos uma organização que conseguisse aglomerar anarquistas de todo o Estado. E sendo definido os aspectos básicos do Grupo, é marcada em Parnaíba, após um fórum popular sobre transporte público, a primeira reunião do Grupo de Estudos Anarquistas do Piauí. Foi a primeira de uma série quase ininterrupta de estudos e debates sobre o anarquismo, entre trabalhadores e estudantes.

Após alguns meses as reuniões já não eram“suficientes”, e expandimos; desenvolvemos inúmeros eventos, sempre pautando pela horizontalidade, classismo e combatividade, garantias estas inalienáveis dentro da organização. De todas elas, tanto realizadas em Teresina quanto em Parnaíba, é impossível não citar o I CONAPI, Congresso Anarquista do Piauí. Antes isolados, contatando companheir@s pela internet, construindo e auxiliando estes indivíduos e coletivos, nos deparamos com boa parte deles neste evento. Por 3 dias, conversamos, aprendemos, ensinamos, colaboramos, conhecemos e vivemos juntos com camaradas das mais diversas localidades do país. A experiência do CONAPI foi algo surpreendente para tod@s do GEAPI, que saíram extremamente revigorados, reatando seus laços com a luta anarquista, e vendo com os próprios olhos que a luta anarquista se desenrola em várias partes do país.O evento foi um divisor de águas para os ácratas piauienses.

O pós-CONAPI trouxe uma avalanche de novos integrantes, ideias e perspectivas pessoais e coletivas, e destas, colhemos frutos até hoje; expandimos nossa atuação, nossa voz, nossos desejos e nossa organização. Não foi um movimento que se encerrou em si; novas propostas surgiram e surgem diante do processo de educação mútua que sofremos no CONAPI; CONAPI este que terá segunda edição em 2015, e o anúncio oficial de lançamento do evento sairá em breve.

O dia de hoje para nós não significa somente 1 ano de existência, mas também um ano de estudos, de auto-organização das mais diversas pessoas em um grupo anarquista, minando e colaborando ativamente para aquietar as mentes devido a sensação que sentimos ao comer, e saber que existem muitas pessoas sem comer, ao olhar para um trabalhador, e ver em suas rugas e no seu suor o resultado de anos de trabalho, ganhando em troca somente o que permite garantir a própria sobrevivência e de sua família, enquanto seu patrão come, bebe e vive plenamente, ao ver tantas e tantas pessoas tão miseráveis que reduzem a esperança de uma vida melhor através da fé neste ou naquele candidato. Dedicamos e dedicaremos todos os segundos da militância dentro e fora do GEAPI à estes indivíduos, historicamente castigados e sacrificados para garantir a alegria e bem-estar alheio. O que desejamos, do fundo de nossos corações, é que este bem-estar e alegria sejam partilhados a todos; que as riquezas sejam de todos, e que ninguém mais viva do trabalho de outra pessoa; que tod@s tenham o poder de decisão, de escolha; que tenham as mesmas possibilidades de desenvolvimento, a mesma igualdade e a mesma liberdade.

Talvez todas as nossas intenções não se realizem enquanto estivermos em vida, porém, morreremos com a certeza de termos colaborado ativamente na derrubada do muro que impede a sociedade viver em harmonia, e se daqui anos ou décadas algum grupo se forme, e venha dar sua colaboração para a demolição deste mundo de desigualdade e injustiça, seremos lembrados, assim como o guerreiro Mandu Ladino, Como os camponeses da Batalha do Jenipapo, como os operários paupérrimos da República Velha, como Antônio de Pádua Costa, e como tod@s aqueles que ousam lutar contra toda e qualquer forma de dominação e exploração.

Agradecemos cada email, cada mensagem enviada para nosso perfil nas redes sociais, cada compartilhamento, cada visualização, cada apoio e cada esperança que junto com outras esperanças, esperanças de um mundo melhor para tod@s, formam o GEAPI.

VIVA A ANARQUIA!
VIVA O GEAPI!
O POVO VENCERÁ!

sexta-feira, 18 de julho de 2014

[TERESINA] II Simpósio ''Histórico das ideias e do movimento anarquista'': Anarcofeminismo e Anarco Queer



Convidamos a todxs para participarem do II Simpósio ''Histórico das ideias e do movimento anarquista' feito pelo GEAPI, que será realizado dia 30 na UFPI às 14h na sala de vídeo 1, onde passaremos alguns curtas e as 18h na Praça de Filosofia acontecerá um debate que abordará dessa vez outras vertentes anarquistas. Trazendo à tona o debate sobre o ANARCOQUEER, que tem como tática a libertação sexual, se opondo a todas as imposições de uma sociedade heteronormativa e compreendo que a identidade de gênero é uma construção social. Também nesse espaço será contemplado o ANARCOFEMINISMO, que tem como tática emancipação da mulher Cis e Trans através da desconstrução do patriarcalismo que vêem as mulheres como passivas e submissas, excluindo toda e qualquer decisão da mulher sobre sue corpo, se opondo também ao capitalismo que se apropriou de opressões para lucrar e excluir as mulheres pobres.

PROGRAMAÇÃO:

14:00h: 
Exibição dos documentários:
- Amapô;
- Heterofobia;
- Maioria Oprimida.

18:00h:
Roda de diálogos sobre os temas, na praça de Filosofia do CCHL-UFPI

Evento no facebook aqui