terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Nota de solidariedade ao companheiro Vicente Mertz




O ano de 2015 já inicia marcado pela sede de sangue do Estado. Ao lado dos grupos de extermínio da juventude negra e das populações marginalizadas amplamente apoiados pelos governos locais, figura a escandalosa condenação do companheiro Vicente Mertz a um ano e meio de prisão por supostos danos ao patrimônio público e por crime ambiental. O “crime” que em verdade se procura punir é sua participação nas jornadas de junho, a luta por uma sociedade mais justa e igualitária. Vicente é integrante da Federação Anarquista Gaúcha (FAG) e foi condenado em um processo de estranha rapidez, sem provas materiais ou testemunhais, configurando-se claramente a diretriz ideológica da atuação do judiciário. Sua condenação é mais um passo do Estado Brasileiro na tentativa de criminalizar os movimentos sociais e as lutas coletivas no país e diante delas não nos calaremos. É a velha tática de utilizar a justiça para fazer jus aos opressores. Ao lado da repressão das polícias militar e civil, a instrumentalização do sistema penal tem sido utilizada nos últimos anos como estratégia de controle e coerção das manifestações de rua e das lutas coletivas, especialmente aquelas de caráter horizontal e descentralizado. Tal atuação do Judiciário deve ser repudiada pelo caráter autoritário e anti-democrático, pois visa claramente construir quimeras jurídicas para legitimar o abuso dos poderes estatais e sua atuação em favor dos poderes econômicos vigentes. O judiciário legitima o crime forjado pelas polícias conferindo-lhe existência e materialidade perante a opinião pública. 
Enquanto repudiamos integralmente o conjunto da ação penal, nos solidarizamos com Vicente e os demais camaradas que também são perseguidos por exercerem o justo direito à manifestação e à reivindicação. À tantas quantas forem as formas de repressão inventadas pelo Estado e por seus comparsas para reprimir a justa rebeldia, nós inventaremos outras quantas formas de resistência, pois em jogo está a nossa dignidade e direito de existir como seres humanos plenos. A nossa plenitude não passa pelo consumo de bens programados para se tornarem obsoletos, nem pela participação política figurativa nas urnas. Nossa plenitude não tem fronteiras, não tem preço e tem muitas faces. Nossa plenitude não se sacia enquanto um de nós passar fome, enquanto um de nós for explorado, enquanto um de nós estiver encarcerado. A tentativa de frear as lutas não pára o movimento porque é o movimento nunca acaba. É por isso que nossa solidariedade deve se desdobrar em mais organização e mais luta. Como disse o próprio Vicente, “aqueles que lutam, que se rebelam contra as injustiças, que reagem a humilhação cotidiana, são sistematicamente martelados, para manter o estado de coisas como estão. Contra isso, a nossa maior arma é não se desmobilizar, reagir contra a criminalização e contra as injustiças.”


DE BRAÇOS DADOS COM OS COMPANHEIROS, 
DE PUNHOS CERRADOS CONTRA OS INIMIGOS!

LIBERDADE A TOD@S @S PRES@S POLÍTIC@S!
NÃO PASSARÃO!

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